Pensando nas experiências, o autor Larrosa nos conta em seu texto, “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, que a palavra experiência tem significados diferentes, no espanhol, significa “o que nos passa” em português é “o que nos acontece”. A experiência é tudo isso, o que nos passa, o que nos acontece e o que nos toca. “A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça” (LARROSA, 2002, p. 21).
Dessa forma, refletimos com preocupação a ausência da corporeidade. Com o distanciamento de experimentos e vivências dos corpos dos alunos e cada vez menos, eles se tornam capazes de experienciar, as diferentes possibilidades de sensações e movimentos. Nossas crianças de hoje vêm cada vez mais cedo para a escola, com uma bagagem de informação imposta pelo mundo atual e virtual. A escola de forma geral, por sua vez, também caminha com esse ritmo frenético e passa a desvalorizar, inconscientemente, fatores importantes no desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. Essa capacidade que a criança tem logo ao nascer (de percepção e sentidos) é deixada de ser importante nas escolas, sendo tolhida, muitas vezes, por consequência de vários fatores, por exemplo: excesso de cuidados com a criança, falta de oportunidade de contato com o mundo que a cerca, a não escuta dessa criança etc.
Ao invés de oferecer caminhos inversos a esse ritmo, para a criança, a escola caminha paralelamente a esse processo no mundo contemporâneo. Muitas vezes omitem a informação aos pais da importância do “desaceleramento infantil”, compactuando com esse processo automático sem consciência, com ausência da sensibilidade e da percepção e com preocupação em transmitir apenas o conteúdo programado do planejamento escolar.
Segundo Larrosa (2002), o aluno recebe mais informação na escola do que o necessário e essas informações ocupam espaços da oportunidade de experiência “o sujeito da experiência se define não por sua atividade, mas por sua passividade, por sua receptividade, por sua disponibilidade, por sua abertura”. Ter os pés descalços é uma oportunidade de experiência e sentido para iniciarmos a nossa dinâmica.
Adriana Liza
Mestra em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie; Especialista em LABAN / Bartenieff pela Faculdade Angel Vianna ; Especialista em Dança e Consciência; Graduada em Pedagogia e Ciências Biológicas; possui alguns cursos de extensão como: Extensão em Arte, Educação e Sociedade pela PUC; Didática do Ensino Superior; Extensão em Língua e Literatura pelo Mackenzie; Curso de Aperfeiçoamento LABAN - Arte Do Movimento: No Brincar e Na Arte. Participou por quatro anos do grupo de estudos da Cia. de Dança Caleidos em Linguagem da Dança ministrado pela Profª. Dra. Isabel Marques.
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